quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Fight the fighters, not their wars.


Simplesmente me eximo de fazer ressalvas a respeito do aspecto clichê das coisas...
...tudo que é belo e sensível leva o rótulo de "clichê".
A sensibilidade perde muito com isso, é uma pena.
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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Olha, uma borboleta!

Era negra como a noite;
e o gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as asas,
tinha um certo ar escarninho, uma espécie de ironia mefistofélica, que me aborreceu muito.
Dei de ombros, saí do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achando-a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.
Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça. Apiedei-me; tomei-a na palma da mão e fui depôla no peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou dentro de alguns segundos.
Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.

- Também por que diabo não era ela azul? disse eu comigo.

E esta reflexão, - uma das mais profundas que se tem feito desde a invenção das borboletas, -
me consolou do malefício, e me reconciliou comigo mesmo.
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Machado

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Conversas

"Não podemos mais conversar uma com a outra", disse a sra. K. a uma mulher."Por quê?', perguntou ela assombrada. "Em sua presença não me ocorre nada sensato", queixou-se a sra. K. "Mas isso não me incomoda", disse a mulher para consolá-la. "Acredito", disse a sra. K. irritada, "mas a mim incomoda."

[qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência]

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

. realidade minimalista .

Será possível um lampejo de lucidez, em meio a alienações várias?
Mais: será possível desvencilhar-se delas, mesmo que por um átimo?

Caminhamos em sentido oposto.

No mínimo.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

. irritante constatação .

Começo a notar que a importância que as pessoas têm em nossas vidas é diretamente proporcional ao grau de idiotice das razões pelas quais discutimos com elas...
...verdade inconveniente, é bem verdade.

[Alguém aí me explica a diferença entre o medo e a desconfiança?
Ou, quem sabe...entre a coragem e a confiança?]

Sim, sim...é bem verdade.
...mas não será justamente por razões irrelevantes ao grande público que nos apaixonamos?

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terça-feira, 2 de outubro de 2007

As pessoas do lado de cá

O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha [razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma [parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.

. _ . Álvaro de Campos . _ .

[guia didático-existencial do post anterior;
leia-se: da minha alma.]

Fernando Pessoa, como não poderia deixar de ser.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

“If you argue correctly, you’re never wrong”

Começo a questionar-me [dentro de minha vã pretensão...] se expressar-se bem é uma vantagem ou um prejuízo do espírito.

A bem da verdade, não sei como fui tardar tanto a formular uma questão assim tão...elementar.
Talvez exatamente por isso. Ocorre-me a pura figurativização da perfeita simplicidade [representação da minha mágoa e incomunicabilidade eternas do e com o mundo, diga-se de passagem]: a quinta sinfonia de Beethoven...“tã tã tã tã”.
Claro que seria divagar sobre o óbvio dizer que o paralelo entre mim e Beethoven limita-se à simplicidade. E olhe lá. Nada de brilhantismo. Menos ainda de perfeição.

[digressões à parte...]

Já parou pra pensar [pensar?] na capacidade que temos [nós, as pessoas do lado de cá] de arrumar explicações plausíveis para cada uma de nossas ações, decisões, para cada um de nossos rumos? Até quando ficamos incontestavelmente, irremediavelmente, indefensavelmente, incorrigivelmente apáticos, nos convencemos e, pior, também aos outros de que, realmente, no fim das contas, “não havia o que fazer, não é mesmo?”.

Quer saber o que eu acho?
Se existe um efeito fictício, este seria o da melhora.
Além de ser irritantemente irônico, só faz aumentar minha [nossa?] parcela de responsabilidade... ironia digna de Wood Allen, se é que me entende.
E o pior de tudo é que só vejo diminuir minhas [nossas?] portas de saída.
É, continuo esperando que me abram a porta ao pé de uma parede sem porta.
Entrevejo: indefinidamente.

Pára o mundo, que eu quero descer.

sábado, 15 de setembro de 2007

. alienação helênica .

[noite de primavera, no ibirapuera]

- Já parou pra pensar no quão alienante é o amor?
...de repente, todo o resto é acessório, supérfluo...quase fútil.

Sem remorsos.

Arrepio

Seus dedos na minha pele são arrepios. Todos os pêlos, curiosos, levantam-se para ouvir o suspiro. E, comemorando a vitória da pele sobre as palavras, acompanham seus dedos em ola, arrepiando-se, arrepiados. Seus dedos que, de tão leves, escorregam sobre minha pele, cortando-me em quatro pedaços.

._. Rita Apoena ._.

...qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

[aham.]

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sobre a insônia

Talvez, uma noite de insônia seja a vontade do dia em frustrar todas as expectativas que lhe impuseram durante bilhões de anos: amanhecer. Mas nós não acreditamos, nós achamos que não dormimos ou que perdemos o sono, quando foi o sono que nos perdeu. Se eu não durmo, a noite não sonha.

._. Rita Apoena ._.

sábado, 8 de setembro de 2007

. alegriazinha alienante .

Como diria um grande amigo meu, hoje (bem, na verdade, desde quinta-feira de manhã) sou uma garota mais feliz (com o perdão da mudança de gênero, Vi).

...agora eu tenho a obra completa do Bill Watterson, Complete Calvin and Hobbes.

Quero dizer que alegriazinha egoísta associada a alegriazinha alienante não vale.
Golpe baixo esse, viu.

...isto posto.

[literalmente...puff]

terça-feira, 4 de setembro de 2007

. eu e meu umbigo, meu umbigo e eu .


"I've never made a mistake in my life.
I thought I did once, but I was wrong."

Não, não, não...nenhum tom autobiográfico, ainda não cheguei no limite. Nem prossigo...eu acho.

[...uma humilde homenagem aos paradoxos-egocêntricos.
...pateticamente engraçados, não achas?]

sábado, 1 de setembro de 2007

É.

"Há pessoas que levam a ignorância até o limite.

E, não obstante, prosseguem."

._. Millôr ._.

[...e como tem, viu.]

. presente disponível .

...e minha libertação lentamente entediada?

Será mesmo que eu, como GH, não sei te dizer, porque só fico eloqüente quando erro?
E como te falar se um silêncio instala-se, como que consequência-instrínseca do meu acerto?
Acerto desconfortavelmente convicto.

E recorrer a clichês me parece tão...vulgar.
E, ao mesmo tempo, tão...inevitável.

Será possível ser originalmente sensível?
Permitir-me galanteios à alma sem ultrajar minha inteligência?
Algo de nigligenciável nisso tudo?

Não por mim, talvez...
...solene inexpressividade.

[Agora como falarei de um amor que não tem senão aquilo que se sente, e diante do qual a palavra "amor" é um objeto empoeirado?]

.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

To write or not to write?





Tom autobiográfico, o meu?

[Naahh..]

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

"Back" again

Pois é.

E não é que elas voltaram?

...as aulas, não as inspirações em questão.

[droga.]

sábado, 11 de agosto de 2007

. em recesso .

Feliz demais pra inspirações pretensiosamente literárias...

...quem sabe com o final das férias.

[algo me diz que elas voltam]

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ópios da vidaa..

[o que será que o Marx diria do orkut, ãhn?]

quarta-feira, 18 de julho de 2007

. depressing irony .

Sabe, essa ironia me deprime.
Eu tento. Juro. Mas eis que a amoralidade humanamente inerente se impõe, toda vez que um pensamento moral, teimosamente, se insinua...

...quando é que vou conseguir viver em harmonia com convicções sólidas e seguras, hein?

A relativização do mundo me mata.

E o absolutismo da realidade me angustia e me atordoa.

O que sobra?...a apatia... incomodamente semelhante à alienação filosófica das pessoas comuns.

Mediocridade refinada.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Devaneios clichês...e não são todos eles?

De repente, tudo parece estranhamente...fazer sentido. O que é péssimo. Eu sei, não deveria.
É que dá a nítida impressão de atenção distraída, uma espécie de relevância desatenta...como se fosse tudo parte de um indeclinável caos. Invariavelmente. "Não faz sentido. Se faz, é porque não procuraste direito.", diz a vozinha irritante. Ou, talvez, seja esse o sentido...não fazer sentido algum. Clichê? Olha lá a quem chamas clichê, ãhn?...acaba de me ocorrer:

O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra,

Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não têm signidicado: Têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

[familiar?]

Definitivamente: se a realidade caeiriana existe de fato, eu não passo de uma lunática. Meus pensamentos têm significação demais e existência de menos. Sintomático? Pobres dos loucos.

...qual a parte do "desistir" eu não entendi?

...anybody?

Alguém aí me diga:

quando é que vou me cansar da minha eterna mania de estar confortavelmente em crise?

Métodos são mais do que bem-vindos...sugestões, por favor.

[oh, boy.]

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Vacanze d'inverno...ecco qua!


Não é verão, mas férias são sempre muito bem-vindas...
...agora posso dedicar-me livremente ao ócio.

[...mas que belo devaneio imediatamente após

uma prova de filosofia, ãhn?]


terça-feira, 3 de julho de 2007

O Sul-Americano Calabar

Torcida indígena a favor de
um imperialismo "civilizador".
Leitor pequeno-burguês, não será você?

No Brasil há duas correntes de opinião:
os que acreditam que a guerra holandesa
acabou e os que sabem perfeitamente
que ela continua, através de fundings,
empréstimos e tomadas de poder por este
ou aquele grupo calabarista.

(Oswald de Andrade)

[só pra não poderem dizer por aí que eu tenho preconceito em relação a iconoclastas...
... de maneira alguma! ]

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Ahh..a arte contemporânea!


Não é notável a iconoclastia da arte contemporânea?
Talvez caiba por aqui o famoso "não vi e não gostei" do nosso querido Oswald de Andrade...
...só porque um inofensivo paradoxo metalinguístico, vez ou outra, não faz mal a ninguém.
[ãhn?]

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cogito ergo sum?

"Adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: cogito ergo sum, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar (...)."

[Será?]

domingo, 24 de junho de 2007

. ateísmo declarado .


Bilateralidade atributiva? Teoria tridimensional? Sanção? Dolo? da eficácia, validade...revogação das leis?

[Como uma atéia do direito, eu bem que poderia ser poupada disso...aff!]

[isn't it ironic?...don't you think?]

Fatos e personagens cuidadosamente arranjados incomodam desse jeito indisfarçável?

Essa perfeita... idílica realidade?
Lateja, como se o erro fosse indispensável, a imperfeição indeclinável.
Vontade incontrolável de organizar um caos, desfazer a ordem sistemática, ignorar a obviedade estampada.

Esse incômodo em estado latente.

Como se a tensão anunciada não se desfizesse.

A convicção do suposto desfecho como...ilusório anti-clímax?
Para quem a felicidade é uma atenção distraída, uma relevância desatenta.

Sinto-me perdida...
...perdida entre o desvario sugerido da noite e a realidade imposta da manhã.

[Who would've thought? ... it figures] - momento bipolar.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

. a lot like me .


. aleatório...got it? . [and Mary Ann certainly knows what i mean...]

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Minha Paulicéia Desvairada


Saudade da dura poesia concreta de tuas esquinas...
...simplesmente Sampa.
[by vi - sacada do prédio da ná]

. Desassossego .

As coisas sonhadas só têm o lado de cá... Não se lhes pode ver o outro lado... Não se pode andar à roda delas... O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados... As coisas de sonho só têm o lado que vemos...
Têm uma só face, como as nossas almas.

._. Bernardo Soares ._.

. paradoxalmente ser "eu" .

Defino, logo limito.
Escolho, logo restrinjo.
E olha, deixe-me ser metalinguisticamente paradoxal...em paz.

Minha condição primordial de ser humano merece ao menos...

Meu paradoxalmente ser "eu", essa é a pretensão a que me permito.
Afinal, há que se privilegiar a comunicação.

[... esse episódio da imaginação a que chamamos realidade]

domingo, 17 de junho de 2007

Fa uno strano effetto dire che lo so...

Diga-me: como eu fui me permitir ser vulneravelmente sincera?

Estranhamento é pouco.

"Take destiny by the hand", someone said once...

...não, eu nunca me soube tão clichê em toda a minha vida.

sábado, 16 de junho de 2007

Silêncio calculado...frequências mudas.

É. Infelizmente, não tenho toda essa desenvoltura literária.
Qualquer dia desses, quem sabe.

Ênio Mainardi, meus caros:

O que costumo ouvir desatento é mais interessante que o que me dizem com atenção.

Falam matemática e física, ouço matemática espírita. Não pode ser isso. Recuso. São meus ouvidos loucos, surdos. E fico com a versão dadaísta, impressionista, surrealista.

O louco verbal me atrai mais do que o razoável convencional.

Dessa maneira, afino minha audição para o silêncio calculado, espantado. Fico quieto, observante, atento às palavras passantes.

O que ouço e me faz silencioso são as frases ditas sem palavras. Como os gatos e os cachorros, percebo freqüências mudas.

Meu futuro, meu passado, ecoam fazendo tremer minha intuição apavorada, não desejada. Não quero, prefiro não saber ignorar.

E então volto a sintonizar no mundo real, anormal.

[sim, sim...o nome do blog foi inspirado "nisso" aqui.]